sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

As histórias de um colchão

Feito pra dormir
Mas nem sempre
Mas não é uma história de grandes fodas
Bom... é
É e não é
Eu comprei esse colchão logo em seguida que me mudei
No casamento número 2
Hoje deve fazer uns quase 5 anos
Cama box e colchão de mola
Primeira cama/colchão assim que comprei
Compramos
Em casal tudo é nosso
Mas na partilha final ficou comigo
Lembro de grandes momentos do casório em cima dele
Transando ou mesmo conversando
Vivendo
Mas lembrei dos tempos ruins do casório
Tarde da noite
Depois de horas de silêncio  deitamos pra dormir sem se tocar e sem falar nada
Silêncio total
Parecia que minha audição ia alcançando cada vez mais longe
Na vila onde morávamos a poucos metros da rua as madrugadas eram silenciosas
Eu quase posso dizer que podia ouvir a respiração do cara subnutrido que ficava na esquina vendendo cocaina a noite toda
Mas ouvia a dela claramente
Como se assoviasse o ar entrando em meio aos pelos do nariz
Era bizarro
Ela se virou de bunda pra cima
Eu seguia deitado de barriga pra cima
Ela tem os seios fartos e lindos
Encostados no colchão
Eu sentia o coração dela batendo através das molas
Sentia nas minhas costas como se ela estivesse encostada em mim
Estava deitada ao lado mas a léguas de distância
Coisas que só um casamento consegue fazer pelos humanos
...
Seguimos ali no silêncio total
Respirando no escuro, cada um no seu mundo, seja qual for
Passaram horas
Eu não dormi profundamente
Altos da madrugada eu estava entre acordado e dormindo
No estágio intermediário
Sem pensar me virei pro lado
E me alertei um pouco pois ela estava de frente pra mim
Rosto a rosto
Minha fraquíssima respiração bstia nela e voltada
Eu senti algo que deve ser similar ao sonar de um golfinho
Eu senti cada curva e irregularidade da imperfeição de um lindo rosto humano
Sentia seu cabelo puxado pra trás
Escuro completo
Senti o coração dela acelerar
Os poucos centímetros que nos separavam sumiram
A excitação foi a mais mútua de minha vida
Os dois se beijaram ao mesmo tempo
Foi a coisa mais ascendente de todas
Minha mão voou na buceta dela que puldava tanto quanto o peito
A mão dela voou no meu pau que já latejava de duro e eu nem tinha percebido
Dali veio uma foda selvagem
Mal lembro do desenrolar
Mas vagamente sei que foi rápido
Ela de bunda pra cima e eu engarupado nela soquei até gozar ali dentro
Era tarde e foi intenso
Pra não gritar mordi o travesseiro que ela estava semi-deitada por cima
Mordi pra não gritar
Ela acariciou minha mandíbula travada e deu um bj bem suave por cima da barba
Despenquei do lada dela
Dormimos de conchinha
Eu fico pensando pq precisamos brigar nas relações
Pra ter algo assim intenso
A natureza humana tende a se odiar todo o tempo
Mesmo quando achamos que nos amamos
O ódio ainda está ali forte e do lado de tudo
Sempre presente
Sempre
Até que o sexo vem mais forte que tudo na terra
Destrói o ódio
E o amor ainda vence
Amor e ódio andam juntos
O que os equilibra é o sexo