sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Tempo livre

Sexta-feira
11 da manhã
Acordei cedo como sempre
Minha vida é em cima da bicicleta atualmente
Tenho que arrumar as vezes antes de quebrar
Levei a minha ao médico pra fazer uma revisão nas tripas todas
Achei que seria rápido mas deixei lá e pego na tarde
Isso a umas 2 horas
Voltei a pé pra casa
Encontrei um conhecido de áureos tempos
Ficamos refletindo com doses faraônicas de nostalgia
"Aquele tempo era bom..."
Que saco!
Peguei umas latas e segui meu caminho rumo ao centro da cidade onde nasci
Que hoje é onde eu moro
Peguei duas latas pelo caminho
-"A cerveja mais barata e gelada por favor..."
Receita do sucesso!
Vim caminhando nessa manhã nublada e pensando na vida...
Agora são 11 da manhã
Estou sentado na praça principal da cidade
Parcão
Tem uma possível babá com 3 crianças nos brinquedos
E alguns garís cortando a grama
Mais ninguém
A rua ao longe passam caminhões e ônibus, ambos lotados
Óbvio
É um dia e uma hora que ainda se trabalha
Mas a minha flexibilidade de trabalho tem sido assustadora
Até pra mim que sou vadio
Tenho tempo de sobra pra fazer tudo que eu quero
Seja ficar com meu filho de 13 anos e tentar elucidar vagamente ele sobre algumas questões
Tentar transar com alguém desconhecido por alguma carência física que parece não ter fim
Ou até mesmo fazer meus exercícios que eu até hoje nem entendo pq, mas gosto
Ou nada
O que mais faço é nada
Fico jogado no sofá ou na cama me masturbando eternamente pensando e visualizando uma situação que provavelmente nunca acontecerá
Apesar de que...  tenho realizado todas minhas fantasias sexuais ultimamente
Sejam travestis negras bem dotadas ou mulheres de 30 anos com menos de 1,50 e 50 kg
Tudo tem andado bem
Mas que seja
Fico pensando que poucos tem a vida que eu tenho
Dinheiro nunca me sobra
E seguidas vezes até me falta
Mas
Sendo o tempo o bem mais precioso
Me tem de sobra
Sou rico sem ter muitas coisas
Mas me sinto ótimo
As vezes penso que quando isso acabar eu vou sentir falta, e terei uma tremenda dificuldade em me adaptar novamente a um rotina puxada e cansativa
Mas com certeza aproveitei ao máximo
De desperdício não posso reclamar
Aproveito tudo ao máximo sempre
Meu tempo tem sido beeeeem utilizado pra fazer tudo que eu quero e gosto
Uma pessoa nas minhas condições que reclame da vida
Tem que ter as pernas queimadas e ficar o resto dos dias vagando de arrasto pela rua prs pagar sua língua
E mesmo assim ainda deve sofrer mais
Mas era isso
11:28 agora
A praça segue vazia
Vou pegar.o caminho de casa e mais umas latas no caminho
Bom dia Nadal

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Peso na consciência sem culpa

Se tem um mal que eu sofro é esse
Peso na consciência
Isso se daria quando vcs faz algo de errado
Sabendo que está errado
Depois percebe o tamanho da merda que fez e se arrepende
Mas ninguém vai te perdoar
Pq as vezes é algo tão insignificante que no final das contas nem faz diferença
Uma coisa boba
Essas pra mim são as piores
As pequeníssimas bobaginhas que ninguém nem viu, provavelmente eu nem deveria lembrar
Isso me perturba demais
Demaaaaaaais
Talvez nem seja peso na consciência
Mas não sei explicar o que sinto
Como se fosse uma memória em looping fixo por algumas horas
Que só fa piorar todo esse sentimento
E tenho isso a anos
Acho que a primeira vez que fiz isso eu nem sabia escrever
Eu tinha poucos brinquedos e gostava de bricar com um carrinho que eu tinha na lama, no barro
Certo dia
Devia ser uma tarde do verão pra minha mãe me deixar brincar na lama sem medo de nada
Lembro que quando eu enfiei fundo no barro ela me chamou
Eu obedeci e sai correndo
E só depois do banho lembrei que tinha deixado aquele jipe de brinquedo afundado na lama
Pensei em pegar no outro dia
Nunca mais lembrei
Eu deveria ter uns 5 anos
Fiquei com essa sensação de ter perdido algo legal por anos
Eu deveria ter uns 25 quando meu avô foi fazer alguma obra pelo terreno e achou meu carrinho enterrado e quase fossilizado, soterrado e esquecido por anos
Eu fiquei horas agarrado naquilo
Como se fosse uma pepita de ouro
Aquele pedacinho de lixo me aliviou de algo que eu nem sabia que ainda sentia
Quando eu tinha uns 8 anos
Tive uma dia de aula que por distração tive que copiar algumas frases mais rápidas no meu caderno
A noite minha mãe foi ver meus cadernos e viu minha letra horrorosa
Me chamou atenção por aquilo mas eu ignorei
Algumas hora depois
Ela foi deitar e eu fiquei vendo tv mais alguns minutos
Comecei a pensar na minha péssima caligrafia
Uma tremenda besteira
Eram alguns "p" mal escritos e nada mais que isso
Eu me senti tão mal
Como se tivesse matado um bebê foca a golpes de machado
Eu chorei de soluçar
Apenas pq tinha escrito algo "errado" no meu caderno
Que inferno
Da mesma forma não corrigi e no outro dia apenas eu recopiei aquela pequena parte
Era simples
Mas me deixou péssimo
Passam-se os anos e isso parece que não muda
Lembro de outras coisas bobas
Segundos bobos que eu garanto que ninguém nem lembra e se lembra nem faz diferença
E eu fico mal
Muito mal
E algumas vezes por coisas que nem fui eu que fiz
Aconteceu agora a pouco de novo
Eu tenho 34 anos agora
Sinto que boa parte da minha vida "ativa" já passou
Me sinto feliz por ter aproveitado o máximo possível
Fazendo cada dia ser bem legal e aproveitando momentos únicos
Tive uma visita
Uma "amiga" veio do outro lado do país de ônibus e ficou 6 dias comigo
Foi bem divertido
Demos alguns passeios e transamos bastante
Poderia ter sido ainda melhor pois era iria ter mais uma amiga junto
Mas ela teve uns pequenos problemas de saúde e no fim acabou não vindo nos visitar
Depois de 6 dias comigo ela iria embora e de fato foi
Mas deixou alguns pequenos presentes pra ela aqui na minha casa
Bobaginhas
Pra ela pegar mais tarde
Tem um desenho de uma árvore que ela fez
Um conjunto de par de brincos e um colar, artesanal
E um lenço azul que eu não tive coragem de desdobrar
Bobagens, como eu já disse antes
Mas a maneira, a delicadeza que ela acomodou aquilo na cadeira
Com o sentimento de deixar o presente pra trás
Sem a dona ter vindo pegar em mãos
Eu senti como se tivesse sido uma mistura de decepção e depressão
Talvez por ter falhado em entregar um presente que com tanto carinho trouxera de tão longe
Fixou ali
Ela foi embora de manhã cedo e meu dia seguiu
A noite voltei pra casa e fui arrumar tudo
Observei o pacote com o presente
E ela me avisou que esqueceu o travesseiro aqui e mais um colar dela
Eu fiquei revendo a cena dela deixando o pacote em cima da cadeira
Fiquei revendo aquela cena mínima
Deve ter durado unas 3 segundos
Estou a horas revendo e revendo a mesma cena dentro da minha cabeça
Isso é um inferno
Como se fosse peso na consciência por algo que eu não
fiz
Não sei se é peso na consciência isso mas eu não sei descrever melhor
Um sentimento de culpa e remorso junto
É estranho porém familiar demais
Pq seguido me repasso pela mesma situação de sentir isso e nem sei pq
Ela me deixou 2 presentes tmbm
Duas tatuagens no meu corpo já quase sem espaço pra tal evento
Mas tive mais 2
Mas a cena dela largando o pacote na cadeira não sai da minha cabeça