quinta-feira, 15 de junho de 2017

A vizinha em frente

Faz uns 2 anos q voltei a morar com meus pais
Casa velha q eram dos meus avós
No inverno todo o muro fica marcado de limo
Muita umidade
Esses dias cheguei do serviço e minha bexiga estava cheia
Mijei no muro
Por dentro do portão existe uma curva
Nada se vê da rua
Mijei ali
Lembrei q na minha infância eu deixava o limo alí
Sempre
Mesmo no verão
De tanto q mijava naquele canto isolado
Estava eu com 33 anos e ainda mijando ali
Vi o movimento do vizinho da frente
Estava escorado no portão da casa do outro lado da rua
Eu não tinha visto ele
Segu a mijada
Terminei e me escorei tmbm ao portão
Observei bem a casa da frente, a dele
Tão velha quanto a nossa mas em estado uns 10% pior de apodrecimento
A nossa sempre foi branca
A dele vermelha
Não é pintada a muitos anos
Tanto q eu nem me lembro de ter visto isso
Uma janela a frente q nunca é aberta e uma porta igualmente lacrada
A porta das antigas, tem uma janela na altura dos olhos
A janela dela é espelhada
Um espelho virado p fora q podia se ver d dentro p fora
Nessa casa
Nessas condições
Esse homem q estava escorado no portão criou uma filha
Ela morreu com menos de 35 anos e foi a alguns meses
Pouca coisa acima dos meus 33
Vi ela poucas vezes
Cabelo enorme, liso castanho claro e muito mal cuidado
Roupas de uma velha
Pálida
Ela morava naquela casa
Ela nunca saia daquela casa
Nem d dentro da casa
A lenda q ela ficava o dia todo na janela olhando p rua
Uma rua q quase nunca tinha movimento
Essa lenda tem tudo p ser real
Ela morava ali mesmo
Eu q vivi anos aqui avistei ela ao longe por poucas vezes
Mais nesse último ano
Uma vizinha da outra quadra
Essa sim com seus 60 anos e roupas condizentes com sua idade
Vinha buscar ela p ir ao culto
Essas igrejas de vila
Iam as duas
Foi nesse ritual q eu vi mais ela no último ano do q vi pelos quase 20 q morei por aqui
Depois q ela morreu de alguma infecção veio a verdade óbvia a tona
Ela tinha altismo
Isolada do mundo nunca aprendeu nem mesmo sobre seu próprio corpo
Tinha dores e desmaios
O único livro q tinha p se informar era a bíblia
Começou a ir na missa p se curar
Morreu
...

Esse é o fim da história
O meio q me chamou atenção
Não coloco a mão no fogo por ninguém
Menos ainda por essa gente q vive ao redor daqui
Mas me parece q o pai dela é apenas burro e não maldoso
Não me parece a pessoa q abusaria da filha
Talvez d fato não tenha feito
Ela apenas queria ficar em casa sempre e ele a deixava ali
Agora me veio em mente q ela não foi a escola nunca
Talvez nem soubesse ler
Acho q a palavra do senhor dela possa ter vindo pelo rádio
Ou o pai falou dos males da filha no bar e a velha ouviu e foi atrás
Essa mesma velha já veio ao meu portão tentar curar meu pai:
"Tal dia tem o culto da cura de todos os vícios "
Ele riu e agradeceu
Eu passei e ouvi essa história, falei:
"Esse só se cura quando o capeta colocar ele no colo!"
A velha nunca mais veio ao nosso portão

Essa mulher não foi a escola
Nunca teve contato com ninguém antes dos últimos dias além do pai e uma tia q visita eles a cada 2 anos
Bem provavelmente nem sabia ler
Devia falar muito mal
Uma aparência de doente
Aempre isolada do mundo, em casa
Vendo o mundo pela janela da porta
Se não foi abusada pelo pai como eu acho q não foi
Talvez o único pênis q ela tenha visto ao vivo na cida tenha sido o meu
Nessas mijadas no muro desde muito pequeno
Q vida morta
Na real ela morreu e na visão daqui, do outro lado da rua
Absolutamente nada mudou
Inclusive morreu em um dia q eu estava fora
Não vi os movimentos típicos do velório
A lenda urbana pouco divulgada mas bem próxima de ser bem real
O altismo q a igreja não cura e morre de infeção
Ela não deveria ter muitas histórias p contar mas gostaria de ter conversado com ela
Entender onde se passava essa história toda q só ela viveu
Se bem q não consigo chamar isso de vida
E sim
Morreu e acabou
Virgem
Sem se conhecer
Sem saber nada de onde vivia
E fim

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