mais um dia q se acaba
o sol se esconde ao fim do mundo
cresci educado pela tv
todo fim de tarde de outono
me lembra o fim de um filme
e amanhã surgem novos personagens
novos atores
novas histórias
mas não é assim q vivemos
uma vida não muda tanto em pouco tempo
em poucas horas
as coisas demoram a mudar
por mais q o esforço seja grande
o sol fica mais fraco
as nuvens ficam mais rosadas e dispersas
o frio da noite vem chegando
maldita rotina escravista/operária
meu dia começa cedo todos os dias
por volta das 18 horas já estou exausto
o ritmo pode não ser cansativo, mas eu estou acordado a 12 horas vivendo essa merda
o ônibus avança pelo mar de carros tomando seus rumos
eu procuro similaridade em alguns, mas simplesmente não encontro
todos se empurrando
e dentro do ônibus os atores do filme do meu dia-a-dia
estão sem o figurino de seus personagens principais
só figurantes atuam agora
ninguém se fala
ninguém nem se olha
e do outro lado do céu está ficando azul bem escuro
lá os demônios já estão se libertando das amarras do sol
ficaram todo dia se esgueirando pelas sombras
agora estão livres
felizes se não se degladiarem entre si
sobreviverão a mais uma noite
o sol se foi
só restou a rebarba de sua luz iluminando uma pequena parte do céu
quase fim do trajeto
os créditos finais estão subindo
a trilha sonora está acabando
a voz se foi
o instrumental começa a reduzir
as pessoas se amontoam no fim do coletivo
nem todas vão p casa
vão p aulas
cursos
teorias
todas ótimas e lindas
nem 2% delas funcionam
o salário nem sempre aumenta
nem sempre vale o esforço
penso em me organizar e crescer
mas a criança q mal tinha esperanças de futuro
já foi longe a alto demais com tão pouco
o fim do trajeto está bem ao fim
o sol sumiu
as nuvens rosadas somem na escuridão
mais um fim
apenas mais um fim
haverão muitos outros
muitos...
Nenhum comentário:
Postar um comentário